domingo, 25 de fevereiro de 2007

O Arqueólogo do Cérebro


No seguimento do nosso estudo, tanto sobre o cérebro, como sobre as emoções humanas do ponto de vista neurológico, gostaríamos de realçar o trabalho de António Damásio, médico neurologista, neurocientista português que criou, com a esposa, um laboratório para a investigação da emoção usando o método da lesão e a imagem funcional.
Queríamos deixar-lhes aqui um pequeno agradecimento e demonstrar um sincero respeito pelo seu trabalho e pela maneira como abordam a temática da emocionalidade humana.


Segundo António Damásio, a emoção desencadeada por determinado estímulo dá origem a "um programa de acções", diferentes conforme o tipo de emoção, que provocam alterações rosto, no corpo ou no sistema endócrino (estratégias activas). O corar de um rosto, a tensão muscular, o aumento do ritmo cardíaco, ou o aumento da secreção de determinada hormona são exemplos dessas alterações fisiológicas.
Contudo, falar da emoção apenas como um programa de acções é restrito demais, considera o especialista, sustentando que existem também as estratégias cognitivas, "certos estados mentais que fazem parte do programa completo de acções". Como exemplo, o neurobiologista referiu que "a tristeza obriga a certa estratégia cognitiva": num estado de tristeza, uma pessoa não pensa num jantar agradável e divertido, mas é capaz de pensar na morte.
A questão da emoção é ainda mais complexa, porque as emoções (esses programas de acções) são desencadeadas por determinados estímulos que não têm obrigatoriamente o mesmo efeito em pessoas diferentes.
Os estímulos podem ser objectos ou situações, actuais ou existentes na mente, e alguns são evolucionais, outros são aprendidos individualmente. "Situações que causem medo ou compaixão são muito antigas e são colocadas em nós pela evolução, estão nos genomas", explicou António Damásio.
"Mas se o estímulo que desencadeia emoções é uma determinada pessoa que nada tenha a ver com a História ou evolução, mas com aspectos de aprendizagem que tenham só a ver connosco", está-se perante um estímulo individual, acrescentou.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Um interruptor do tronco cerebral

Uma série de estudos neurológicos tem permitido uma visão mais clara da maquinaria que controla a execução das emoções. Um dos mais valiosos desses estudos foi feito numa mulher que estava a ser tratada da doença de Parkinson.
Esta doença é um problema neurológico comum que compromete a capacidade de movimento normal. Antigamente a doença era incurável, mas desde alguns anos que tem sido possível aliviar o sintoma com medicamentos especializados, o problema é que nem todos os doentes reagem bem e passado algum tempo deixam de actuar.
Por esta razão, tem vindo a desenvolver-se outra modalidade de tratamento que requer a implantação de pequenos eléctrodos no tronco cerebral dos doentes, de forma a permitir a passagem de uma corrente eléctrica de baixa intensidade e alta frequência, que modifica a forma como os núcleos motores funcionam. Quando a corrente eléctrica passa, os sintomas desaparecem como que por magia. A colocação exacta dos eléctrodos é a chave do sucesso deste tratamento.
Uma equipe de médicos habituada a este tipo de operação, certo dia colocou os eléctrodos numa paciente de sessenta e cinco anos de idade que tinha uma longa história de parkinsonismo. De súbito algo inesperado aconteceu quando a corrente eléctrica passou por um dos contactos esquerdos, exactamente dois milímetros abaixo do contacto que miraculosamente acabava com a doença. A doente suspendeu a conversa que estava a ter, e a sua face transformou-se numa mascara de tristeza, começou a chorar, a soluçar e a proferir um discurso sobre a grande tristeza que a invadia, a exaustão que estava a sentir e o desespero que não a permitia continuar a viver desta maneira.


Os médicos suspenderam então a corrente eléctrica e um minuto depois o comportamento da paciente regressou ao normal não sabendo porque se tinha sentido assim.
A corrente eléctrica havia sido dirigida para núcleos do tronco cerebral que controlam as acções que, no seu conjunto, produzem a emoção a que chamamos tristeza. Este conjunto de acções inclui movimentos da musculatura facial; movimentos de boca, faringe, e diafragma necessários para o chorar e soluçar; e diversas acções que resultam na produção e eliminação de lágrimas.
Tudo se tinha passado como se um interruptor tivesse sido ligado dentro do cérebro como resposta ao interruptor que tinha sido ligado no aparelho. Tudo se tinha passado como num concerto instrumental, cada compasso executado na altura própria, de tal modo que o repertório de acções parecia manifestar a presença de pensamentos capazes de causar tristeza.


informação retirada do livro "Ao encontro de Espinosa" de António Damásio.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

Viajar nas circunvoluções


No seguimento da nossa viagem, decidimos informar-nos mais sobre a estrutura básica que suporta a nossa vivência emotiva – o cérebro.
De facto, ao contrario do que se possa pensar, é no cérebro que as emoções humanas se formam…
Porque necessitamos de um cérebro? Quais as suas principais funções e estruturas e de que forma é que ele controla tudo aquilo que fazemos, pensamos e até o que sentimos?


Na segunda apresentação que produzimos, publicamos simplificadamente tudo o que aprendemos sobre o nosso centro de controlo bem como a forma como este se interrelaciona com os diversos órgãos do corpo. Seguimos assim todos os passos que um impulso nervoso e hormonal percorre ao longo do corpo e descobrimos as funções das mais sinuosas circunvoluções do córtex cerebral… (2.ª apresentação aqui)


Apreendemos nova terminologia e redefinimos conceitos sobre o organismo humano.
Aqui deixamos um convite para começar a desvendar, de uma forma simplificada, os rostos da mente!